É um dos espectáculos mais procurados no concelho de Sintra. Os bilhetes esgotam vários meses antes de cada concerto. Não se trata da actuação de nenhuma estrela pop nem rock, os concertos são para bebés e tem feito sucesso entre os pais que parecem rendidos ao projecto de Paulo Lameiro.
O Centro Cultural Olga Cadaval é o palco, onde 60 bebés assistem a uma fantástica experiência de música e de cor. Em declarações ao CORREIO DA CIDADE Paulo Lameiro refere que «os bebés estão numa fase de aprendizagem e manter cerca de 60 bebés concentrados durante o concerto só é possível dando-lhes coisas novas», cativar o interesse e prender a atenção dos bebés é o segredo do espectáculo que dura cerca de 45 minutos. Timbres diferentes, gramáticas musicais distintas, géneros musicais variados fazem parte do concerto. Paulo Lameiro acrescenta também a importância da acústica como factor central, «o bebé pode ouvir exactamente esta música através de um simples leitor de CD, mas a grande descoberta que o bebé faz é o som da música ao vivo», a intensidade dos sinais, da informação que capta é cerca de cinco vezes maior.
No espectáculo, é possível ver bebés de diferentes idades «a maioria começou agora a caminhar, o som é um dos estímulos para essa vontade de descobrir o mundo à sua volta, mas temos o bebé de colo em que a visão ainda não é muito apurada, mas fica pasmado com os sons o que os rodeiam».
Os dois concertos que se realizam todos os meses abrangem cerca de 120 bebés. Esta é uma das razões para que em Sintra seja difícil conseguir um bilhete para o concerto. Paulo Lameiro afirma que, do ponto de vista da produção, é difícil realizar mais concertos. Para além de Sintra, Porto e Leiria são as outras cidades que recebem regularmente o projecto, em Espanha também se têm realizado alguns espectáculos, são estes factores que impossibilitam a marcação de mais dos concertos e aumentar o número de participantes por espectáculo está completamente afastada. «O projecto vive da intimidade e cumplicidade, começamos por conhecer os bebés pelos nomes, este projecto não poderia desenvolver-se numa sala grande. O facto do bebé ver mal exige uma proximidade e não queremos utilizar sistemas amplificados, o que teria de acontecer numa sala maior.»
Nesta conversa com o CORREIO DA CDADE Paulo Lameiro afirma já terem existido algumas propostas para passar o concerto para o suporte de DVD, mas «o projecto não vive nesse suporte, a essência do concerto é partilhar a música e a ideia de que a festa é humana, feita por pessoas com expressão e emoções.»
Os concertos para bebés são assim, os bebés são convidados a ouvir, é a fruição musical partilhada entre intérpretes, bebés, pais, irmãos e avós que alicerça todo o projecto. Os concertos têm como matriz a chamada música clássica, mas desenvolvem-se num alinhamento recheado de temas tradicionais, do pop-rock e de improvisações vocais-instrumentais, com a participação de todos os intervenientes.
Cada espectáculo é uma experiência de cumplicidades, onde os sons e os silêncios a todos surpreendem. De Monteverdi a Mozart, do cavaquinho aos didgeridoos, trocam-se espantos e ouvem-se suspiros, a superior qualidade dos instrumentistas inunda a sala de momentos fortes e os cantos estimulam o encantamento do momento.
Edição de Setembro do Correio da Cidade de Agualva-Cacém