quarta-feira, 31 de outubro de 2007

REN admite rever e enterrar alguns traçados de linhas de alta e muito alta tensão

A REN admite rever e enterrar alguns traçados de linhas de energia e alerta que esta situação poderá provocar um aumento do valor da energia até 40 por cento, adiantou fonte da empresa.

"Enterrar um quilómetro de linha custa cinco milhões de euros. Existem em Portugal sete mil quilómetros destas linhas, o que significaria que os consumidores de energia eléctrica passariam a pagar mais 30 ou 40 por cento do valor de um quilowatt por hora", disse à Lusa o Director Coordenador da REN, Artur Lourenço.
Se fossem enterrados mil quilómetros de linhas, o aumento "seria na ordem dos 15 por cento", exemplificou Artur Lourenço acrescentando que estes são "números dados por alto".
Quando questionado sobre alteração aos traçados, Artur Lourenço admitiu que a REN poderá rever alguns, embora considere não existir "nenhum traçado ilegal".
"Nós não temos nenhum traçado ilegal. A lei portuguesa não proíbe de passar com a linha por cima de uma casa, mas nós em princípio não o fazemos, salvo aquelas situações em que tem mesmo que ser", disse.
A REN anunciou recentemente que vai alterar o traçado previsto da linha de muito alta tensão entre Portimão e Tunes, que tem sido muito contestado pela população local, de forma a diminuir "o impacto sobre a zona onde foram recentemente encontrados vestígios arqueológicos".
"No caso de Silves as pessoas diziam para colocarmos os postes a Norte, mas aí é Rede Natura e não há regulamento nenhum na União Europeia que nos deixe construir", comentou Artur Lourenço.
"Na Rede Natura não há casas, portanto temos que ir para o mesmo sítio das pessoas", acrescentou.
Segundo o Director Coordenador da REN, esta empresa está obrigada pelo contrato de concessão a proceder à instalação de linhas que evitem apagões das sub-estações.
"É, digamos, uma ordem. O contrato de concessão diz que temos obrigação de prever os consumos que faltam, construir as linhas a tempo, planear, pedir autorizações, e por aí fora", disse.
A desactivação da linha de muito alta tensão, que liga as sub-estações de Fanhões e Trajouce, percorrendo o concelho de Sintra, poderá provocar uma quebra do abastecimento a algumas zonas de Lisboa, inclusive a residência do Presidente da República.
A colocação destas linhas junto a habitações tem sido muito contestada pelas populações a nível nacional como se denota na criação do Movimento Cívico Nacional para o enterramento das linhas de muito alta tensão.
Este movimento cívico tem sido uma das vozes activas, juntamente com a presidente da junta de freguesia de Monte Abraão, Fátima Campos, contra a instalação desta linha.
Como resultado de uma providência cautelar interposta por esta junta de freguesia, a REN viu o Tribunal Central e Administrativo do Sul ordenar a suspensão do transporte de energia nesta linha.
Decorre no Tribunal Fiscal e Administrativo de Sintra uma acção principal interposta pela junta de freguesia de Monte Abraão contra a REN, para que suspenda o transporte de energia nesta linha, estando a audiência marcada para dia 23 de Novembro.

LUSA