quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Miguel Bombarda, a Avenida esquecida

Em pleno centro da freguesia de Queluz, uma das principais avenidas parece esquecida no tempo pelos responsáveis autárquicos. A zona, uma das mais antigas de Queluz, não acompanhou o crescimento da cidade e os problemas aumentam todos os anos.
Na Avenida Miguel Bombarda o estacionamento é caótico, os carros abandonados são muitos, o espaço público está pouco cuidado, o pequeno comércio queixa-se da falta de atenção, a iluminação é deficiente, a segurança é problemática e o lixo continua a ser depositado nos velhos caixotes de lixo de outros tempos.
Uma das comerciantes com quem o CORREIO DA CIDADE falou, fez questão de lembrar que há 3 anos que vê o mesmo carro (ver fotografia) estacionado à porta do seu estabelecimento. "Está a ver lá fora? Há três anos que cá estou, e há três anos que tenho esta vista para aquele carro abandonado, e não é o único! Ao lado estão mais dois", afirma esta comerciante. "Hoje, por exemplo, só tive oportunidade de estacionar perto das 12h". Estacionamento propriamente dito não existe, os carros estão todos estacionados em cima dos passeios, mas parar em segunda fila acaba por ser outra das soluções. "A polícia só se preocupa em passar multas", afirma a mesma comerciante. A segurança é aliás uma das queixas mais ouvidas na Miguel Bombarda. Moradores e comerciantes afirmam que a PSP raramente passa a pé no local, "a polícia passa muito de carro para as multas, mas patrulhas são muito raras". A falta de polícia associada a uma iluminação deficiente cria uma atmosfera de insegurança. Apenas um dos lados da avenida tem candeeiros públicos, mas estão cobertos pelas árvores. "Muitos dos meus colegas já foram assaltados, em pleno dia, com armas de fogo... claro que de noite é pior, eu tenho tido sorte, e ainda não me aconteceu nada do género, mas os amigos do alheio já me roubaram bilhas de gás do meu estabelecimento", sublinha uma das comerciantes.
FALTA DE MULTIBANCOS E ZONAS DE LAZER
Uma das queixas do pequeno comércio é a falta de multibancos. Existe apenas um, no início da avenida, "e aos fins-de-semana é raro ter dinheiro", lembra uma moradora.
Zonas verdes na Miguel Bombarda são poucas. As que existem têm um pequeno relvado onde a Junta de Freguesia afixou cartazes onde se lê ser proibido jogar à bola. Não se vê um banco ou um espaço de lazer onde as pessoas possam descansar um pouco e aproveitar o espaço público.
LIXO E MUITO TRÂNSITO
A recolha de lixo também não está adaptada à densidade populacional do local. Os caixotes de lixo antigos e os clássicos eco-pontos acumulam lixo e teimam em não ser substituídos por recipientes subterrâneos.
O dono de um dos quiosques na Miguel Bombarda alerta para o movimento de carros que existe na zona. "Às seis da manhã quando chegamos, isto parece uma pista de corrida tal é a velocidade com que os carros passam aqui", afirma. Acidentes graves acontecem com frequência. "Se observar, o recente acesso ao IC19, que fizeram por debaixo da linha do comboio, fez aumentar ainda mais o trânsito na Avenida", lembra. No local vê-se muitas crianças que andam em escola na zona e que utilizam o comboio como meio de transporte.
PROJECTO DA CMS PROMETE MUDAR A AVENIDA
A 14 de Novembro deste ano, foi aprovada em reunião de Câmara a abertura de um concurso público para execução da Empreitada de Requalificação da Avenida Miguel Bombarda. Segundo o CORREIO DA CIDADE apurou, junto de fonte da Câmara Municipal de Sintra, a obra deverá ter início no segundo semestre de 2008 e deverá estar concluída no prazo de um ano, caso tudo corra de acordo com os prazos normais neste tipo de obras. A intervenção será feita em duas ou três fases, para diminuir os constrangimentos junto do comércio e das milhares de pessoas que circulam e moram na zona.
Iluminação pública, novo estacionamento, calçadas, reabilitação dos espaços verdes e de lazer e redes fluviais, são algumas das áreas previstas nesta mega intervenção do Departamento de Obras Municipais da Câmara de Sintra. O projecto vai mesmo mudar a forma como a avenida está organizada. Devolver o espaço às pessoas é o objectivo central.
Outra das novidades, segundo apurou o CORREIO DA CIDADE, é o facto da Câmara Municipal de Sintra estar a negociar a possibilidade de construção de uma via alternativa à Miguel Bombarda. Esta solução vai permitir desviar o trânsito proveniente do IC19, que resultou da construção do acesso por debaixo da linha do comboio, e que desemboca na avenida. A nova variante, ainda sem data prevista, será construída na sequência da actual rotunda do Jamor, paralela à linha de água, e terá conclusão junto do actual stand Moticristo onde será construída uma rotunda.

Publicado no Correio da Cidade de Queluz