sexta-feira, 27 de junho de 2008

Vereador da Educação da CMS: "Estamos atrasados vinte anos"

Com o ano lectivo a chegar ao seu final, a autarquia sintrense promoveu entre os dias 27 de Maio a 3 de Junho, no Quartel da Carregueira - Belas, nas instalações do Centro de Tropas Comandos (antigo Regimento de Infantaria nº 1), mais uma edição da SintraAnima-Fórum de Projectos Educativos do concelho de Sintra e que pretendeu divulgar o trabalho desenvolvido durante a época escolar pelos Jardins de Infância, escolas básicas e secundárias, associações de pais, de estudantes, e outros parceiros da comunidade educativa.
Este ano, também a Companhia de Dança Contemporânea de Sintra, o Centro de Ciência Viva, e a Agência Municipal de Energia deram o seu contributo enriquecendo o certame. Outros espaços foram animados por profissionais de diferentes artes e ofícios que procuraram levar mais animação à festa. Além da habitual Exposição de Projectos Educativos do Concelho de Sintra (11.ª edição), houve música, dança, teatro, artes circenses, jogos, mini-golfe, escalada, rappel, um circuito rodoviário, das energias renováveis e da reciclagem.
E, se a abertura teve momentos de grande festa com a participação da Fanfarra do Regimento da Infantaria nº1, Jardim de Infância de Agualva do Agrupamento de escolas António Torrado (dança), da EB1 Queluz nº2 do Agrupamento de Escolas de Queluz (ginástica) e da EB2.3 Agostinho da Silva (ginástica), o SintraAnima encerrou com a divulgação e entrega de prémios do Concurso de Projectos de Excelência do Concelho de Sintra, cerimónia que contou com a presença do Comandante do Centro de Tropas Comandos, Coronel Marcos Serronho, do presidente da Federação das Associações de Pais, Joaquim Ribeiro, dos elementos de júri, e ainda do Vereador da Educação e Cultura, Luís Patrício.
Recorde de participantes
"Em anos que são difíceis para as escolas, por muitas razões, até pelas próprias regras para que os alunos possam sair - por exemplo numa visita de estudo - a enorme participação que teve a edição deste ano em que bateu todos os recordes com mais 15 mil participantes, demonstrou que as escolas souberam também organizar-se para participar nesta grande festa, o que nos deixa muito motivados para continuar com este projecto, continuar a melhorar como se tem vindo a fazer todos os anos, criar novidades e trazer cada vez mais gente" começou por sublinhar ao CORREIO DA CIDADE, o vereador da Educação.
Sobre o Concurso de Projectos de Excelência, o autarca justificou a iniciativa; "é necessário criar incentivos para que as escolas desenvolvam projectos de qualidade - felizmente todos os que concorreram apresentaram esses índices mas fundamentalmente com alguma criatividade, envolvimento, sistematização e até com a envolvente do meio onde se inserem, e com isso temos procurado ao longo do tempo atribuir esses prémios de excelência. Esses prémios começam logo a funcionar numa pré-selecção feita por um júri que representa várias Entidades, e os projectos seleccionados têm um acompanhamento anual, ver como foi feita a sua sistematização no terreno, e depois são seleccionados os melhores e as Menções Honrosas no caso de se justificar. Aos Prémios de Excelência, a Câmara Municipal de Sintra atribui a cada um deles, o valor de 5 mil euros que acima de tudo permite funcionar como investimento dos projectos para o ano seguinte. Esse tem sido o objectivo, e tem sido conseguido pela quantidade de candidaturas".
"Não nos substituímos ao Ministério da Educação"
Não faltaram elogios ao trabalho desenvolvido pela autarquia na área do Ensino, apoiando as escolas, muitas vezes em áreas cuja intervenção deveria se governamental. Contudo, Luís Patrício recusa essa ideia da Câmara Municipal de Sintra se substituir ao Governo nessas matérias. " O nosso objectivo não é substituirmo-nos ao Ministério da Educação e tomara nós nunca haver essa necessidade, porque poderíamos canalizar esses recursos para outro tipo de apoios, outro tipo de projectos. O que existem é situações que, se a Câmara não apoiar, como foi recentemente o caso da compra de equipamento necessário - através de um programa próprio- para os Cursos Profissionais, não haveria meios suficientes, ou mais adequados para leccionar esses mesmos cursos. Embora não seja nossa competência directa, é competência do município zelar para que o nível e qualidade do ensino nas escolas possa ser cada vez melhor."
"Faltam 520 salas de aula no concelho"
Com uma população estimada em cerca de 400.000 habitantes - o segundo concelho de Portugal em população - Sintra tem uma das populações mais jovens e a maior população estudantil do país e uma diversidade étnica e multi-cultural, particularmente sentida nas zonas urbanas mais populosas, as vilas de Algueirão-Mem Martins e Rio de Mouro, e as cidades de Agualva-Cacém e Queluz. O vereador, Luís Patrício tem por isso mais admiração pelo ensino no concelho de Sintra. "Fico satisfeito com o esforço enorme que tem sido feito, quer pela autarquia, quer pelos Conselhos Executivos, para que, com as condições que temos, se possa oferecer, apesar de tudo, um ensino de qualidade na rede pública do concelho. Agora, eu sou um insatisfeito por natureza e obviamente só estarei satisfeito quando um dia olhar para o meu concelho, e possa verificar que tenho os alunos todos do 1.º Ciclo no horário normal, que tenha oferta do Pré-Escolar para todas as pessoas que necessitem e que tenha escolas de 2.º e 3.º Ciclo que dêem resposta à colocação dos alunos que no concelho transitam para esses níveis, mas acima de tudo com a qualidade que todos os alunos merecem. Obviamente que temos a noção- aliás desde logo que fizemos os primeiros estudos - que isso implica a construção de qualquer coisa como 520 salas de aula e um investimento que rondará os 120 milhões de euros. Por isso dizemos que estamos atrasados duas décadas, ou talvez mais - embora este atraso não possa ser de forma nenhuma ser imputado ao presente Executivo Municipal, nem tão pouco ao actual Governo - e atrasos com o este, em termos de investimento na área da Educação, não se podem resolver em um ou dois anos, até porque estamos a falar de muito dinheiro. Mas entendemos que estamos em vias de pelo menos poder avançar bastante nesta matéria, quando se concretizar um protocolo que temos vindo a negociar - quase que diariamente - pelo Ministério da Educação" remata esperançado.
Entrevista VS publicada nas edições do Correio da Cidade