O acesso à Praia da Aguda, em Sintra, foi interditado há dois meses por se encontrar em "grave situação de degradação", mas as pessoas continuam a frequentar aquele areal.
O Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB), através do Parque Natural Sintra-Cascais, solicitou em Maio, à capitania do porto de Cascais, a afixação de editais junto à praia da Aguda para interditar a utilização da escadaria de acesso ao areal por esta se encontrar em “grave situação de degradação”.
Estes editais, que já não se encontram no local por terem sido alvo de vandalismo, informavam que as infracções a esta interdição constituem contra ordenação, e são por isso puníveis. Com o objectivo de restringir o acesso à praia a autarquia de Sintra colocou fitas separadoras no local, mas foram igualmente vandalizadas e a praia continua a ser frequentada.
Sandra Moutinho, assessora do ICNB, adiantou à Lusa que as causas que levaram à interdição da praia prendem-se com “os acessos em mau estado e o perigo de derrocada”, e que as pessoas que continuam a deslocar-se à praia da Aguda “correm riscos por não respeitarem o que lá está para garantir a sua segurança”o que.
“Vai sair uma portaria conjunta entre o ministério da Defesa e o ministério do Ambiente que determina a suspensão do uso da praia da Aguda”, disse.
Além de não respeitar as proibições de utilização da praia, também a degradação da escadaria de madeira e o perigo de derrocada (sinalizado) parecem não desmotivar os veraneantes que, para aceder ao areal da praia têm que descer cerca de 60 metros de trilhos e de escadas esculpidas nas pedras da encosta.
Catarina Mota, 28 anos e residente junto ao local, disse à Lusa ter conhecimento da interdição ao uso da praia mas “continua a vir”.
“Cheguei a ver isto vedado mas a parte do fim [do acesso] é que é a mais insegura”, disse esta veraneante acrescentando: “isto aos fins-de-semana está sempre cheio”.
António Santos, 35 anos, aproveitou a tarde de sol para levar os filhos e os seus dois cães à praia mas arrependeu-se porque, embora “a praia seja interessante, os acessos são muito maus e cansativos”.
“Este acesso é terrível. Não sabia que estava interditado mas também não volto aqui com os miúdos”, garantiu.
Quando questionado pela Lusa sobre a possibilidade de receber uma contra ordenação por não respeitar o estabelecido nos editais, não visíveis à chegada à praia, António Santos foi peremptório: “Em vez de passarem coimas deviam era ter alguém a avisar, porque não vimos lá nada que diga que a praia está fechada”.
Também Ricardo Pires, 32 anos, sabe que a praia está interditada. Este trabalhador da câmara de Sintra disse à Lusa não se preocupar com os perigos que constitui a utilização da praia.
“Eles que façam acessos”, disse este veraneante que gosta da praia da Aguda por ser “muito sossegada”.
Os utilizadores da praia pretendem assim a construção de novos acessos ao areal, mais seguros, e que não ponham em causa a assiduidade à praia, o que, para já, parece não estar nos planos do Instituto de Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB).
Sandra Moutinho, do ICNB, adiantou à Lusa que a intervenção para a construção de novos acessos à praia está dependente da “realização de um estudo sobre a instabilidade das arribas com o apoio do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN)”.
“Não faz sentido intervir antes da realização deste estudo que abrange toda esta zona costeira”, disse a assessora.
Contactado pela Lusa, o vice-presidente da autarquia de Sintra adiantou que a praia da Aguda “é da total responsabilidade da capitania de Cascais e do Parque Natural Sintra Cascais” e que a câmara limitou-se a “colocar placares e fitas a pedido do parque”.
LUSA