Os professores da Escola Gama Barros criaram um fundo de emergência para ajudar alunos carenciados da cidade Agualva-Cacém num momento em que circula na escola uma recolha de doacções para apoiar uma aluna em dificuldades económicas.
“Existem situações difíceis em algumas famílias e temos um fundo de emergência para ajudar, feito através de donativos, a maior parte de professores que são extremamente solidários, para acudir essas famílias”, disse à agência Lusa, o professor Adérito Cunha.
Os "três D´s" (divórcio, doença e desemprego potenciam, segundo o professor, as situações difíceis que algumas famílias de alunos da Gama Barros enfrentam em 2009.
“Estes três factores são uma mistura explosiva e são insustentáveis para as famílias”, garantiu Adérito Cunha, acrescentando que, do total de 1500 estudantes da escola, um terço já recebe apoio do Serviço de Acção Social Escolar (SASE).
Segundo o professor, tem havido um aumento gradual de alunos a solicitar refeições na escola, o que demonstra a debilidade financeira das famílias.
“Uma directora de turma colocou-me um problema muito difícil: uma aluna estava a faltar e a directora já tinha desenvolvido todos os mecanismos para ela vir à escola" mas veio-se a saber que "era porque não tinha roupa”, disse.
Segundo Adérito Cunha, a escola já activou o fundo disponibilizado pelos professores para esta situação, tendo já comprado alguma roupa à aluna que não pertencia ao grupo de jovens apoiados pelo SASE.
Por seu turno, a professora Maria do Rosário explicou que existem muitos casos como o desta aluna dado que as dificuldades são cada vez maiores e surgem de um momento para o outro.
“Cada vez há mais alunos a necessitar do apoio do SASE, e a almoçar na escola. Tenho conhecimento de alunos que não eram do SASE e por causa do desemprego já activaram o apoio do programa”, disse.
A Gama Barros está inscrita também na lista das Eco-Escolas, com o tema principal a Solidariedade Social.
BANDEIRA VERDE NA ESCOLA SECUNDÁRIA GAMA BARROS
De forma a cumprir os objectivos que garantam a atribuição da Bandeira Verde da Eco Escola em 2009, a Gama Barros vai aderir ao programa “Geração Depositrão”, que tem como principal objectivo introduzir o tema dos Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (REEE) no programa escolar.
Assim, vai estar disponível na escola a partir de 26 de Fevereiro um depósito de recolha de pequenos electrodomésticos em fim de vida, como varinhas mágicas, secadores, teclados ou ferros de engomar.
Outro dos projectos que a Gama Barros implementou permitiu a criação de uma Eco Escolinha de Condução para alunos das escolas do concelho de Sintra do pré-escolar até ao nono ano.
“Arrancou o ano passado com alguns apoios e parcerias. Ainda nos falta um abrigo para guardar os carrinhos e os sinais e depois iremos abrir às escolas aqui do concelho “, disse ao Correio da Cidade Maria Rosário, ao mesmo tempo que apontava para a pequena pista onde os alunos poderão circular num veículo solar dentro de poucos meses.
Para aproximar o estabelecimento de ensino à comunidade envolvente, dia 9 de Maio, a Eco Escola abre as portas e convida a população a assistir a espectáculos de música e mostras de artesanato e artes dentro da escola.
Segundo o professor Inácio Cunha este ano são esperadas mais do que as 300 pessoas que em 2008 assistiram, durante uma tarde, e aos vários espectáculos musicais, de dança, teatro e artesanato.
PROGRAMA ECO ESCOLAS
O programa Eco Escolas promove o desempenho ambiental, gestão do espaço escolar e sensibilização da comunidade.
A coordenadora deste projecto na Gama Barros, Maria Rosário, acredita que, estas iniciativas ajudam os alunos a “serem críticos ao ponto de em alguns trabalhos curriculares aperceberem-se que às vezes o lixo que deitamos fora poderia ser reaproveitado”.
“Hoje em dia são temas transversais. Uma coisa é eles dentro das disciplinas ouvirem falar em aquecimento global, em alterações climáticas, da perca de biodiversidade, e outra coisa é passarem para a prática pois com pequeninos actos vão-se apercebendo da importância das questões ambientais”, adiantou.
Esta professora lecciona na Gama Barros há 20 anos e garante que, nessa altura, esta escola em termos de espaço e ambiente era “pouco agradável à vista”.
“Estava muito degradada, sem os espaços serem cuidados e aos poucos e poucos começou a melhorar o aspecto exterior e interior da escola, em parte com o contributo do programa.
Eco Escolas”, disse, garantindo que, há 20 anos “nem se falava nestas coisas”.
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