terça-feira, 23 de junho de 2009

Igreja de Agualva sem dinheiro devido a empréstimo

Em 1993 a necessidade de construir um edifício multifuncional, que servisse os cerca de sessenta mil párocos de Agualva, obrigou a igreja a contrair uma divida junto da Caixa Geral de Depósitos.
Quinze anos depois dificuldade em pagar este empréstimo que serviu para construir a igreja de quatro pisos que hoje se encontra na rua da fé, leva o padre Amândio Antunes a apelar aos fiéis para que ajudem a paróquia através de donativos.
“Estamos com muitas dificuldades devido à divida que contraímos para construir a igreja. Fazemos uns peditórios e vamos tentando pagar com aquilo que conseguimos mas está a ser difícil”, adiantou o pároco.
Segundo o padre Amândio, a paróquia de Agualva tem mais de sessenta mil paroquianos, sendo esta uma das maiores igrejas em Portugal. Com quatro pisos, divididos por várias salas destinados a diversas actividades, uma sala de oração, um bar, um refeitório que já foi um restaurante, um grande auditório e um salão de festas, esta igreja é o orgulho do pároco.
“Na missa cabem mais de três mil pessoas. Temos mais de mil crianças na catequese e mais de quinhentos jovens vêm cá para praticar diversas actividades”, disse o padre, enquanto fazia uma visita guiada ao Correio da Cidade.
Na parte lateral da igreja, cuja entrada é feita por um acesso que, aos sábados e domingos, será dificultado pela presença da feira no local, encontra-se a sala disponibilizada para a associação CARITAS.
O septuagenário Gabriel Fernandes, que se orgulha de ser o “mais jovem” dos voluntários desta associação, referiu ao Correio da Cidade, que mensalmente é distribuída uma tonelada de roupa usada pelos “utentes” que procuram o auxilio da associação e da igreja.
“São mais de 315 pessoas. Claro que há mais procura mas estas são as que conseguimos ajudar”, disse.
Este responsável lamenta que, em Janeiro, esta sala da associação tenha sido alvo de um assalto. “Ainda se consegue ver as marcas dos sapatos aqui nas paredes, veja”, disse Gabriel Fernandes.
O padre Amândio enaltece o trabalho dos onze voluntários da associação CARITAS, considerando que “ajudam muitas pessoas”. O pároco adiantou que diariamente surgem na igreja muitas pessoas com diversas carências, mas a fome é a sua principal preocupação. Não fosse o camião de mantimentos cedidos pelo Banco Alimentar e, considera o padre, a vida destas pessoas seria certamente muito mais difícil.

APRENDER A LER E ESCREVER
Os cadernos em branco e os lápis sempre “bem afiados” vieram juntar-se à ocupação dos tempos livres de seis idosos residentes em Agualva que optaram por, “na velhice”, ingressar nas aulas para aprender a ler e a escrever.
Aos setenta anos Natália Junqueira é um caso de pró-actividade. Além das aulas para aprender a ler, divide ainda o seu tempo pelas aulas de natação e agora com o bom tempo, as idas à praia.
“Eu não sabia ler nem escrever e sentia necessidade de aprender. Estou cá há dois anos e agora já consigo ler jornais”, disse ao Correio da Cidade esta septuagenária, adiantando que se desloca diariamente à igreja de forma a aprender mais depressa.
Joaquina Teresa é a sua parceira de carteira nesta sala disponibilizada pela igreja de Agualva. Aos 76 anos, esta reformada optou por aprender a ler e a escrever, uma vez que não teve oportunidade para o fazer quando era “mais nova”.
“Eu não sabia nada mas agora já aprendi alguma coisa. As palavras grandes são as mais difíceis. Estudo muito em casa sempre que posso”, disse esta idosa que divide o seu tempo entre aprender e cuidar dos netos,
Todas estas alunas estão agradecidas à professora voluntária que, ao deparar-se com a reforma de docente, optou por continuar a ensinar, desta feita a pessoas da sua idade.
“Faço isto por gosto. Estou cá há três anos e entretanto já fiz aqui muitas amizades. Este ano tenho menos alunos porque enquanto uns começam a ficar com os netinhos em casa outros mudaram de residência”, disse Aida Marques, ao Correio da Cidade.
Depois de aprender a ler e a escrever o próximo passo destes idosos pode ser em direcção à aprendizagem da utilização de um computador. Para tal, a igreja de Agualva possui uma sala com computadores que já se encontra a ser utilizada por muitos outros idosos. Segundo o padre Amândio esta sala é muito procurada pelos idosos, que têm mostrado “muita vontade em aprender a utilizar os computadores”.

Publicado na edição 105 do Correio da Cidade - jreis@correiodacidade.net