terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Câmara de Sintra paga Muito Alta Tensão

Um responsável da Redes Energéticas Nacionais (REN) reiterou ontem que a Câmara de Sintra assumirá os custos do enterramento parcial da linha de muito alta tensão Fanhões-Trajouce, com o valor a atingir entre 20 a 30 milhões de euros.
No final da primeira reunião da comissão tripartida constituída por responsáveis da REN, da autarquia de Sintra e da comissão de moradores contra a linha de alta tensão para definir um traçado para o enterramento da linha junto a zonas urbanas, o responsável da empresa Jorge Liça adiantou não haver ainda conclusões.
"Apenas definimos alguns critérios que devem basear a definição do projecto e também a origem e fim do troço que se pretende enterrar", adiantou aos jornalistas.
Segundo o engenheiro da REN, não existe ainda "uma previsão dos custos" envolvidos no enterramento de cerca de quatro quilómetros desta linha, numa operação que será suportada pela Câmara de Sintra.
"Há apenas uma estimativa muito grosseira de entre 20 a 30 milhões de euros, mas depende da solução que for encontrada", referiu Jorge Liça.
Um antigo engenheiro da EDP e membro da comissão de moradores, António Santos, adiantou que a linha vai ser enterrada junto à futura circular nascente/poente ao Cacém e sustentou que, como esta obra é uma câmara, os valores serão inferiores aos apresentados pela REN, apontando para um custo na ordem dos nove milhões de euros.
De acordo com António Santos, a construção desta via rápida poderá estar concluída "no fim de 2008 ou início de 2009".
Enquanto morador no concelho de Sintra, António Santos congratula-se com o enterramento da linha junto a zonas urbanas, mas defende que não deveria ser autarquia a suportar os custos desta operação.
"Acho imoral e não acredito particularmente que seja a câmara a investir e a dar qualquer dinheiro a esta linha", sublinhou.
A linha de muito alta tensão que liga as subestações de Fanhões e Trajouce tem sido muito contestada pelas populações do concelho de Sintra afectados pela presença da infra-estrutura junto a habitações e motivou uma acção que decorre no tribunal de Sintra movida pela Junta de Freguesia de Monte Abraão contra a REN.
Em Dezembro, a REN suspendeu o transporte de energia nesta linha após o Supremo Tribunal ter negado um recurso interposto pela empresa, no qual o Tribunal Central e Administrativo do Sul tinha dado provimento a uma providência cautelar movida pela junta de freguesia de Monte Abraão.
Paralelamente, a Comissão de Moradores de Sintra contra a linha de muito alta tensão aguarda a resposta do Tribunal Fiscal e Administrativo de Sintra a uma acção interposta onde exige o enterramento da linha.
António Santos adiantou que "este processo mantém-se até à linha ser enterrada".

LUSA