sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Advogado das vítimas de Belas admite encetar negociações com a Câmara de Sintra

O advogado das famílias das vítimas da ribeira do Jamor,admitiu estar disponível para encetar negociações extra-judiciais com autarquia de Sintra para impedir que quatro menores não sejam colocados em instituições sociais dada a fraca condição económica familiar.
"Se as crianças não tiverem condições para se alimentar podem voltar para Angola, embora tenham nascido em Portugal, ou ir para alguma instituição social. Tem que se arranjar uma solução para que não passem fome", disse à Lusa António Pragal Colaço, o advogado das famílias das duas mulheres que foram arrastadas pelas águas para o rio Jamor após a queda de um muro que separava o rio da estrada, em Belas.
A fraca condição económica destas sete pessoas, uma vez que as vítimas eram o "sustentáculo das famílias", visto que os seus conjugues se encontram sem emprego, pode levar a que as crianças lhes sejam retiradas por instituições sociais, segundo o mandatário judicial.
"A família tem noção de que pode perder os filhos", sublinhou.
Este mandatário judicial está disponível para uma negociação extra judicial com a autarquia de Sintra, desde que seja "célere e sincera".
"Estamos a falar de pensões de alimentos. Estas crianças precisam de comer e de ter uma vida saudável", disse António Pragal Colaço, acrescentando ser o "responsável pelos alimentos de sete bocas, quatro delas menores".
A 18 de Fevereiro, após uma inundação nesta estrada, o veículo onde seguiam estas duas irmãs foi arrastado para o rio Jamor, tendo, algumas horas depois, um dos corpos sido retirado de dentro do automóvel e outro arrastado pela força das águas, sendo alvo de buscas pelo décimo dia consecutivo.
António Pragal Colaço, disse terça-feira, em declarações à Lusa, que as famílias destas vítimas vão mover um processo judicial por homicídio por negligência à Estradas de Portugal, à câmara de Sintra e ao seu presidente, Fernando Seara.
"A Câmara tem responsabilidade criminal. Estamos a fazer recolha de cartas e a ouvir testemunhas que já se tinham queixado à câmara das más condições do muro", disse o advogado, acrescentando que "dentro de uma semana ou quinze dias o processo dará entrada no tribunal".
O presidente da Câmara de Sintra, Fernando Seara, escusou-se no passado dia 27, em reunião pública da autarquia, a comentar este processo de homicídio por negligência.
Durante a reunião camarária, Fernando Seara afirmou que, uma vez que as famílias constituíram um mandatário judicial, "as relações da Câmara passarão a ser feitas com esse mandatário", escusando-se a prestar mais declarações sobre o processo judicial anunciado terça-feira pelo advogado da família das duas irmãs.
"Vamos avaliar questões jurídicas. O respeito pela Ordem dos Advogados, da qual eu faço parte, exige isso", referiu o autarca.
LUSA/CC